sexta-feira, 3 de agosto de 2012

E o Big Bang não foi o início?

A teoria do Big Bang
O Lasanha, como vocês todos(as) sabem, é interplanetário. Então, resolvi tratar agora de algo realmente grande. A maioria de nós leu, ouviu ou aprendeu na escola que este universo nasceu a partir de uma grande explosão: o Big Bang. Essa teoria ganhou fôlego com a descoberta do astrônomo estadunidense Edwin Hubble de que o universo encontra-se em plena expansão.

De acordo com a teoria do Big Bang, em algum momento remoto do passado ocorreu um fato extraordinário e dele resultou tudo o que está a nossa volta, inclusive nós mesmos. Portanto, também temos o cosmos dentro de nós compondo a nossa estrutura corporal. Não é fantástico?

Através de intrincados e complexos cálculos matemáticos atingimos a capacidade de saber o que aconteceu a menos de um segundo após a colossal explosão que nos trouxe até aqui. Contudo, ainda não somos capazes de explicar o que provocou a mesma. As controvérsias teóricas são muitas e parecem restritas a um mundo complemente estranho ao da maioria das pessoas.

Segundo Prigogine, dizer que o universo surgiu a partir de uma singularidade provoca diversos problemas, pois “a ciência só pode descrever fenómenos repetíveis. Se se deu um fenómeno único, uma singularidade como o Big Bang, eis que nos encontramos perante um elemento que introduz aspectos quase transcendentais, que escapam à ciência” (PRIGOGINE, Ilya. O Nascimento do Tempo. Tradução de Marcelina Amaral. Edições 70, Lda. Lisboa / Portugal, 2008, p. 57). Como adotar, portanto, uma explicação da origem de tudo fundada num fenômeno singular?

De acordo com Prigogine, o universo é o resultado “de uma instabilidade que sucedeu a uma situação que a precedeu; em síntese, o universo terá resultado de uma mudança de fase em grande escala” (Idem, p. 33). Caso Prigogine e os/as demais cientistas que apoiam esse ponto de vista estiverem corretos(as), havia algo anterior a este universo onde estamos. O que? Aí é que a "porca torce o rabo", pois não há sequer palavras adequadas para explicar esse "antes", apenas para citar uma única dificuldade que surge a partir dessa explicação: “Se o universo tem verdadeiramente uma história e, portanto, um passado e um começo, ele deveria ter surgido do nada. Mas como o ser poderia surgir do nada? Não seria preciso então repensar os conceitos de “ser” e “nada” ao mesmo tempo em que somos levados a repensar os conceitos de espaço e de tempo?” (PIETTRE, Bernard. Filosofia e ciência do tempo/Bernard Piettre; tradução: Maria Antonia Pires de Carvalho Figueiredo. – Bauru, SP: EDUSC, 1997, p. 162). 

Edwin Hubble
Outra questão interessante: se havia algo anterior a este universo, então, podemos imaginar que o Big Bang não se trata verdadeiramente de uma singularidade, mas de um fenômeno que pode ter ocorrido várias e várias vezes. Nesse caso, diferentemente do que imaginou o matemático alemão Rudolf Clausius, o universo não caminha para a sua morte térmica, justamente porque ele não é um sistema fechado. Ou seja, nosso universo seria apenas a "fase" de um processo cósmico que poderíamos dizer infinito. Um  fenômeno repetitivo capaz de ser explicado pela ciência.

Nem vamos falar aqui das teorias que defendem a ideia dos múltiplos universos. Ou seja, que esta nossa casa é apenas uma em meio a tantas outras. Ou ainda, daquelas que afirmam a multiplicidade das dimensões do tempo, dos universos paralelos, "buraco da minhoca" etc. É muita viagem. Porém, convém dizer que são teorias sérias e fundamentadas em muitos cálculos.

Eu, um humilde historiador, devo dizer que me encontro muito mais próximo das ideias de Prigogine do que da tese de que tudo surgiu com o Big Bang. E você?

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